ATA DA QÜINQUAGÉSIMA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 30.05.1989.

 


Aos trinta dias do mês de maio do ano de mil novecentos e oitenta e nove reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Qüinquagésima Sessão Ordinária da Primeira Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura. Às quatorze horas e quinze minutos, constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e solicitou que fossem distribuídas em avulsos cópias da Ata da Quadragésima Nona Sessão Ordinária, que deixou de ser votada em face da inexistência de “quorum” deliberativo. À MESA foram encaminhados: pelo Ver. Artur Zanella, 02 Pedidos de Informações; pelo Ver. Isaac Ainhorn, 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 70/89 (proc. nº 1545/89); pelo Ver. Leão de Medeiros, 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 55/89 (proc. nº 1394/89); pela Verª Letícia Arruda, 01 Pedido de Providências; pelo Ver. Nelson Castan, 01 Pedido de Informações; pelo Ver. Valdir Fraga, 10 Pedidos de Providências. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 429; 430; 431; 432; 433; 434; 435; 436; 437; 438; 439; 440; 441/89, do Sr. Prefeito Municipal. Em COMUNICAÇÕES, o Ver. José Alvarenga falou acerca do expressivo número de trabalhadores que aderiram à greve geral recentemente realizada no País, discorrendo sobre os motivos que a deflagraram bem como do entendimento da CUT e da CGT a respeito da mesma. Disse que o fruto das greves realizadas pelos brasileiros até agora foi o projeto de política salarial, em vias de ser aprovado pelo Senado Federal, não sendo, a mesma, a adequada, mas que representa, no momento, uma vitória. Referiu-se à classe dos funcionários públicos federais, dizendo da insatisfação dos mesmos, por não terem sido abrangidos pelo referido projeto, e de sua organização a nível nacional, em protesto. A seguir, o Sr. Presidente registrou a presença, no Plenário, dos Senhores Norberto Caineli, Eugênio Izardo e Jauri Peixoto, Vice-Presidente e Vereadores, respectivamente, da Câmara Municipal de Bento Gonçalves. Ainda, o Ver. João Motta registrou a presença, no Plenário, de Yosef Hosseim, representante do Comitê da Palestina Democrática no Brasil, e de Daoli Baja, representante da Organização da Juventude Palestina no Rio Grande do Sul. Em COMUNICAÇÕES, o Ver. Jaques Machado saudou os Vereadores de Bento Gonçalves, em visita à Casa. Discorreu sobre os problemas acarretados pelas invasões em áreas localizadas nas cercanias do Aeroporto Salgado Filho, relacionando os riscos a que estão expostos os que por ali transitam e destacando a atuação dos papeleiros como fator de poluição na região, bem como em outras zonas da Cidade. Apelou ao Executivo Municipal para que tome providências urgentes a respeito. Referiu visita realizada ao DMLU, em razão dos problemas relacionados aos recolhedores de papel, dizendo entender que há necessidade de disciplinar essa atividade, o que poderia ser feito através de órgão da Prefeitura. O Ver. João Dib registrou sua preocupação em relação ao imposto de renda da fonte, dizendo que de maio a junho do corrente não houve correção na tabela de desconto, o que acarretará prejuízos, tanto para o Município quanto para o funcionalismo. Atentou para as notícias referentes ao atraso no pagamento dos servidores municipais, referindo que o fato de o mesmo ser feito dentro do próprio mês foi uma conquista, ao longo dos anos respeitada. Teceu comentários, ainda, acerca de matérias, veiculadas na imprensa, quanto à adulteração de roletas nos veículos do transporte coletivo urbano da Cidade, da intervenção, pelo Executivo, no sistema de transporte urbano, e da arrecadação, pelo Executivo, através da Secretaria Municipal da Fazenda, que, no seu entendimento, estaria sendo mal conduzida. O Ver. João Motta falou dos ataques feitos ao povo palestino, e da respectiva campanha, deflagrada na América Latina, em solidariedade ao mesmo. Destacou que no presente momento se faz necessário o mais amplo apoio àquele povo, discorrendo sobre as conseqüências das agressões sofridas por ele. Leu artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, bem como termo de apoio à referida campanha, conclamando os Vereadores da Casa a assiná-lo. O Ver. Giovani Gregol falou acerca de matéria publicada no Jornal Zero Hora de hoje, a respeito das eleições, marcadas para amanhã, no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Basiléia, no Acre, as quais possivelmente não serão realizadas, tendo em vista as ameaças de fraude generalizada. Falou, ainda, sobre as eleições presidenciais, dizendo da frente que estaria sendo composta por seu Partido, tendo como candidato à Presidência da República o Presidente do PT, e da escolha do Vice, referindo nomes de expressão para o cargo. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Wilson Santos teceu comentários acerca do possível atraso no pagamento dos servidores do Município, referente ao mês de maio, e da notícia, incerta ainda, de que aquele poderia ser feito até no dia dez do mês subseqüente. Disse que essa seria uma situação que traria grandes prejuízos aos funcionários, pedindo a atenção desta Casa à questão. O Ver. Airto Ferronato declarou-se preocupado com as conclusões a que chegou a Secretaria Municipal dos Transportes, na questão do preço da tarifa do transporte coletivo, segundo as quais os responsáveis pelo elevado preço seriam os micro-ônibus, de vez que transportam um número significativo de passageiros. Disse esperar que esta não seja a realidade dos fatos e que a notícia acerca dessas conclusões não proceda. O Ver. Edi Morelli saudou os representantes palestinos presentes no Plenário. Referiu-se a notícias, veiculadas no Jornal Zero Hora, em diversas ocasiões, a respeito de demissões na Prefeitura Municipal, dizendo-se preocupado com a situação e com respostas a pedidos de informação, de sua autoria, quanto ao assunto. Criticou o PT, por demitir e, a seguir, contratar pessoal, lendo nominata de ingressantes, nos quadros do Executivo, desde o início da atual administração. Em COMUNICAÇÕES, o Ver. Dilamar Machado discorreu sobre o problema habitacional de Porto Alegre, mais especificamente sobre o enfrentado na Vila Planetário, dizendo que urge providências imediatas quanto à legalização da mesma, e referindo projeto de sua autoria acerca da questão. Disse ter proposta de reforma urbana, a ser incluída na Lei Orgânica do Município, que solucionaria alguns dos problemas habitacionais da Cidade. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. João Dib solicitou à Mesa providências quanto à remessa de cópia, pelo Executivo, do Relatório de atividades da Prefeitura Municipal, a fim de que sejam distribuídas aos Vereadores, para análise dos últimos cinco anos de administração do Município. Teceu considerações sobre as contratações feitas pela Administração Popular, até agora, perquirindo sobre a real necessidade das mesmas, traçando um comparativo sobre o número de funcionários existentes na FESC e na CARRIS, à época de sua gestão como Prefeito, e o atual nos mesmos locais. O Ver. José Valdir reportou-se ao pronunciamento do Ver. Edi Morelli, quanto as demissões e contratações pelo Executivo Municipal, esclarecendo que a maior parte do número de ingressantes foram encaminhados para as escolas e para a área de saúde do Município, onde há uma carência muito grande de recursos humanos. Nada mais havendo a tratar, o Sr. Presidente levantou os trabalhos às quinze horas e quarenta e sete minutos, convidando os Senhores Vereadores para a Sessão Solene a ser realizada às dezessete horas de hoje. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Valdir Fraga e Isaac Ainhorn, e secretariados pelos Vereadores Wilton Araújo e Adroaldo Correa. Do que eu, Wilton Araújo, 2º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelos Senhores Presidente e 1º Secretário.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga): Passamos para o período de

 

COMUNICAÇÕES

 

O Ver. José Alvarenga é o primeiro orador, que tem a palavra.

 

O SR. JOSÉ ALVARENGA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, esse ano os trabalhadores brasileiros paralisaram cerca de 36 milhões durante a greve geral de 14 e 15 de março. Logo após esta paralisação abateu-se sobre o País um ciclo grevista como jamais o País tinha assistido pararam nos meses de abril e maio quase 10 milhões de trabalhadores, em greves por aumento de salários. Essas greves se chocavam frontalmente com a política econômica do Governo Sarney, com a política econômica de Maílson da Nóbrega. Questionavam fundamentalmente o congelamento de salários imposto em função da manutenção dos lucros patronais e em função do pagamento da dívida externa. Esse Plano Verão, hoje, foi derrotado pelos trabalhadores. Os trabalhadores a partir da grande greve dos mineiros de Criciúma, da grande greve dos metalúrgicos da Manesmann, da grande mobilização dos bancários a nível nacional e metalúrgicos também a nível nacional, obtiveram reajustes salariais que, se é verdade que não repuseram as perdas que os trabalhadores acumularam neste ano, também é verdade que estes trabalhadores conquistaram aumentos salariais bem superiores aos previstos, aos permitidos pelo Plano Verão. Os aumentos salariais estiveram em torno de 45 até 80% em algumas metalúrgicas em São Bernardo, no ABC paulista. Essas greves puseram abaixo o Plano Verão, e mesmo enfrentando uma resistência muito grande por parte do Governo Sarney, mesmo enfrentando frontalmente uma campanha feita pela televisão, pelo Governo Sarney principalmente, campanha que procurava colocar um sinal de igualdade entre as greves que os trabalhadores eram obrigados a desenvolver e os atentados a bomba ocorridos no País, esta campanha salarial  conseguiu derrotar a campanha antigreve desenvolvida pelo Governo Sarney. Aliás, numa recente pesquisa feita pelo IBOPE, dois terços dos trabalhadores consultados, das pessoas pesquisadas, apoiavam a greve como uma forma de os trabalhadores conseguirem melhorias salariais, enquanto um terço acreditava que esta forma já não servia mais para o aumento de salário, e se contrapunha, desta maneira, aos trabalhadores conseguirem suas reivindicações. Essa campanha do Governo Sarney, no início, foi feita diretamente pelo governo, pelas forças armadas, particularmente no momento seguinte o Dep. Roberto Freire convocou as lideranças políticas do País para construírem um fórum contra o terrorismo, e muitos dirigentes políticos do nosso País chegaram a afirmar, pela imprensa, que as greves que se desenvolviam naquele momento, e que continuam se desenvolvendo, eram greves contra o País, eram greves contra a democracia. A CUT, o PT, particularmente, não entendem desta forma. Entendem que a greve, ao contrário, é a forma de os trabalhadores lutarem pelos seus interesses e que, na verdade, é um meio de pressão dos trabalhadores não só contra a política de arrocho salarial do governo e dos empresários, mas, também, uma forma de os trabalhadores lutarem pela manutenção da democracia. Afinal de contas, a democracia em nosso País nasceu exatamente de grandes mobilizações, como greves e com a grande campanha pelas Diretas.

Fruto dessa grande jornada de luta dos trabalhadores, que paralisaram milhões de companheiros, o Congresso Nacional aprovou uma nova política salarial que prevê reajuste mensal de salário para quem ganha até três salários-mínimos e reajuste trimestral de salário para quem ganha de três a vinte salários-mínimos, sendo que mesmo os trabalhadores que recebem de três a vinte salários-mínimos teriam resposta a inflação mensal que ultrapassasse os 5%, ficando, o restante, para ser acertado no final do trimestre. Os trabalhadores que ganham salários superiores a vinte salários-mínimos negociaram diretamente com os empresários a sua reposição salarial. Essa política salarial do Governo, aprovada pelo Congresso Nacional, significa uma concessão, na nossa opinião, às grandes lutas dos trabalhadores, significa que o Congresso Nacional reconhece a grande luta desenvolvida pelos trabalhadores, e cede a uma parte desses trabalhadores - particularmente aos que ganham até três salários-mínimos - uma reivindicação levantada em todas essas greves, que era do reajuste mensal de salários de acordo com a inflação. Ainda não é de acordo com a inflação calculada pelo DIEESE, mas significa uma vitória importante dos trabalhadores contra o Governo Sarney. Essa política salarial, no entanto, vai, na nossa opinião, desencadear um aumento considerável da inflação. Já se prevê para este mês uma inflação superior a 15%, e quem sabe nós ainda vejamos este ano nosso País atravessando uma inflação da ordem da vivida pelos trabalhadores argentinos. Essa inflação não se dá pelo aumento, pelo reajuste mensal de salário, ela se dá porque acompanhando essa política salarial...

 

O SR. PRESIDENTE: Vereador, com licença, um instante. Solicito aos Srs. Vereadores que estão no Plenário que façam silêncio para que a palavra do Vereador que está na tribuna possa ser assegurada. Vamos ver se o Plenário deixa V. Exª continuar seu pronunciamento. V. Exª tem a palavra assegurada, Vereador.

 

O SR. JOSÉ ALVARENGA: Muito obrigado. Então, essa escalada da inflação se deve ao fato de que a política salarial não foi acompanhada de uma medida que obstruísse a fuga de bilhões e bilhões de dólares por mês, do nosso País, para pagar a dívida externa. Dessa forma, fica confirmada que a economia brasileira só vai atingir uma estabilidade quando for suspenso o pagamento da dívida externa. Por outro lado, quero dizer que sou funcionário público federal, trabalho no Ministério da Previdência Social, e os funcionários públicos federais não foram atingidos por essa política salarial. O funcionalismo público federal vai ter reajuste trimestral de salário e, de forma alguma, a nossa categoria vai-se conformar com isso, sendo que a partir de 1º de junho os previdenciários de todo o País - são 230 mil trabalhadores - vão paralisar suas atividades. A partir de quinta-feira próxima a categoria cruzará os braços em solidariedade aos companheiros servidores e professores das universidades federais que estão há quase um mês em greve e que rejeitaram, em suas assembléias, essa proposta do governo federal que veio através da Medida Provisória nº 56 e que prevê um reajuste trimestral nos salários. A partir do dia 12 de junho mais servidores federais irão parar. Estivemos no último fim de semana no congresso dos servidores públicos federais e, como muitos companheiros recebem por volta do dia 10, a partir do dia 12 eles também irão paralisar suas atividades. Assim, alertamos esta Casa e o povo desta Cidade para o fato de que, certamente, iremos assistir a um confronto muito sério entre o governo federal, por causa da sua política salarial, e os seus servidores. Com certeza a população desta Cidade vai ser profundamente prejudicada pela discriminação imposta pelo governo federal aos servidores públicos federais, discriminação que não vai ficar sem resposta devido à greve que vamos realizar no próximo mês de junho. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Queremos registar, com muito prazer, a presença dos Vereadores Norberto Caineli, Vice-Presidente da Câmara de Bento Gonçalves e os Vereadores Eugênio Izardo e Jauri Peixoto.

Solicito ao Ver. João Motta, da sua tribuna, para que registre a presença dos jovens que representam as entidades da Palestina.

 

O SR. JOÃO MOTTA: Gostaria de registrar a presença de Yosef Hosseim, representante do Comitê da Palestina Democrática no Brasil e Daoli Baja, representante da Organização da Juventude Palestina no RGS.

 

O SR. PRESIDENTE: Convidamos também aos companheiros para fazer parte da nossa área de atuação, o que será uma honra muito grande.

Próximo Vereador inscrito é o Ver. João Motta, em transposição de tempo com o Ver. Jaques Machado.

 

O SR. JAQUES MACHADO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em primeiro lugar queremos saudar a presença dos companheiros Vereadores da cidade de Bento Gonçalves, que aqui foram trazidos e conduzidos por nosso companheiro Vicente Dutra.

Sr. Presidente e Srs. Vereadores, vamos hoje, aqui desta tribuna, abordar assuntos referentes à Zona Norte de Porto Alegre, onde tem inserido o Ministério da Aeronáutica, a EMBRAER, onde temos localizado na Av. Sertório parte do nosso Aeroporto Salgado Filho, onde esta área, de responsabilidade do Ministério da Aeronáutica atualmente, foi invadida, ou seja, o passeio público desta área foi invadido por moradias clandestinas desta Cidade. Os papeleiros que ali invadiram, sem orientação alguma, estão poluindo aquela área e, principalmente, fazendo correr risco de vida, principalmente, aquelas crianças ali residentes. Hoje o meio de condução de busca desse papel no Centro da Cidade está sendo feito através do transporte de tração animal, ou seja pelas carroças que ali circulam, na Av. Sertório, fazendo grandes pegas, corridas tipo cancha reta, carreiras de charrete, em plena Av. Sertório, sem sinalização nenhuma, sem uma responsabilidade de habilitação de parte desses carroceiros, tragédias essas que vêm ocorrendo, inclusive, atropelamentos, acidentes com motos, ônibus, enfim, uma série de acidentes que vêm ocorrendo.

 

O Sr. Elói Guimarães: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Na semana passada tive oportunidade de manifestar da tribuna as preocupações de quem conhece a área. E V. Exª em momento oportuno está colocando. Realmente é uma situação séria e é de todo necessária uma providência do Município. Diria até que não se trata de dar melhores condições àquelas pessoas que se encontram numa valeta às margens da Av. Sertório, junto ao Aeroporto Internacional Salgado Filho, mas se trata de se prevenir, se acautelar uma possível tragédia. Porque quem conhece a área, como V. Exª, sabe que as crianças pequeninas estão cruzando de um lado a outro. Registrava da tribuna, na semana passada, uma travada de veículo, uma criança atravessando. Então, estamos diante de um quadro, pois não se trata de dar casas, que se tire eles daquela valeta e se coloque noutra valeta, o que nos preocupa, é exatamente a segurança daquelas pessoas e das crianças. É desnecessário dizer que está transbordando ali, há colocação de lixo, aterro bloqueando a Av. Assis Brasil. Somo-me a V. Exª no sentido que o Prefeito adote medidas a fim de acautelar possíveis tragédias naquela área.

 

O SR. JAQUES MACHADO: O seu aparte enriquece o meu pronunciamento. Mas aqui na Casa nós temos dois Vereadores que muito lutaram para que ali não se instalasse este tipo de residência, este ramo de atividade. O Ver. Dilamar Machado, na época do DEMHAB, que tinha preocupação e que várias vezes conseguiu retirar esses moradores de cima dessa área. E também o Ver. Vieira da Cunha, que era responsável na época pelo Departamento de Limpeza Urbana, que seguidamente fazia limpeza ali. Então a área permanecia ilesa, ou seja, nunca havia em cima deste passeio público essas casas e esse ramo de atividade. Isso hoje vem nos preocupando.

Então eu quero aqui, desta tribuna, fazer uma reivindicação ao Prefeito Olívio Dutra, como à Bancada do PT, que tomem uma providência urgentemente, em cima dessa situação que se encontra a Zona Norte de Porto Alegre, a Zona Sul também, na franja do Hipódromo do Cristal. Ali estão localizados os papeleiros, como também na Vila Cai-Cai, passando o Estádio do Beira-Rio, no sentido Centro-Bairro. Então aqui vai a nossa reivindicação, o nosso pedido. A Prefeitura Municipal de Porto Alegre que tome medidas urgentes em cima destes fatos que vêm denegrindo, em parte, a imagem de nossa Cidade.

 

O Sr. Dilamar Machado: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Meu aparte é no sentido de sugerir à Bancada do PT que revise, dentro do DEMHAB, o Projeto Mutirão da SEAC.

Na Chácara da Fumaça há uma quadra já desmatada, já preparada, com autorização do IBDF e dos organismos ecológicos, para que ali se assentem 402 casas do Projeto Mutirão da SEAC. A verba está à disposição da Prefeitura, junto à METROPLAN; basta o DEMHAB querer, basta a Prefeitura querer, e em questão de 30 ou 60 dias, podem construir mais 402, naquela quadra, e remover dignamente todas essas famílias que estão na Sertório, todas as famílias que estão na franja do Hipódromo do Cristal e mais algumas famílias de outras áreas conflagradas em subabitações em Porto Alegre. É só uma questão de querer e fazer.

 

O SR. JAQUES MACHADO: Sr. Vereador, agradeço o seu aparte.

Em visita que estivemos ao DMLU, alegando o problema esse existente, e o DMLU nos informava que estes recolhedores de papel velho fazem parte do sistema de limpeza da Cidade, porque eles buscam quase 20% do lixo existente na Cidade. Inclusive essas caixas de papelão que não podem ser transportadas nesses carros trituradores de lixo, porque terminam engasgando o processo do trituramento do lixo. Então, eles, para fazerem este tipo de trabalho, precisam estar localizados perto dos pólos comerciais, porque inviabiliza a negociação de parte dos papeleiros, se for muito além do comprador; neste caso eles não têm o retorno, não têm como vender este papel.

Então, nós precisaríamos disciplinar, através da SMOV, do DMLU, ou outra Secretaria do Município, que pudesse ajudar para buscarmos áreas específicas para ali pudermos guardar os lixos de papéis que perambulam pela Cidade, sujando a mesma. Sou grato.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Próximo orador em Comunicações, o Ver. João Dib.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, estamos preocupados com o imposto de renda na fonte. De maio a junho não houve correção na tabela de desconto e isso vai trazer prejuízo para o Município e também para os servidores do Município. É possível que se faça ainda a correção no mês de junho, o que vai diminuir os prejuízos, mas não ressarcir aquilo que há de prejuízo. O Governo Federal teria que fazer o reajuste desta correção de tabela cada vez que há um reajuste salarial, mas não tem sido feito.

Mas, Sr. Presidente, por falar em salários, eu estou preocupado com notícias que me chegaram ontem. O DMAE teria pago seus servidores, à semelhança do que essa Casa, no dia 26, e os servidores do Município vão receber no dia 2 de junho. Mas a informação que nos chega é que no próximo mês de junho os servidores vão receber no dia 5, e que, em agosto, se receberá o mês de julho no dia 10, passando a ser esse o dia de pagamento do funcionalismo, 10 de cada mês, à semelhança do que ocorre na maioria das empresas privadas.

Sr. Presidente, Srs. Vereadores, os municipários, à semelhança de outras classes, obtiveram uma conquista que ao longo de anos vem sendo respeitada. Não estou acusando o Executivo porque, como disse, uma informação me foi dada, não tenho condições de afirmar que ela seja verdadeira, mas estou emitindo, aqui, um alerta. Os municipários conquistaram durante muitos anos o direito, porque se tornou norma, rotina, se tornou praxe de receber os seus vencimentos dentro do próprio mês. No mês que passou, o mês de abril, pagaram no último dia; no mês de maio estão pagando no dia 2 de junho; então, a coisa parece, assim, que existe qualquer coisa de verdade na informação que nos foi trazida e que preocupa todos os municipários, e não deve ocorre assim.

Há também, Sr. Presidente, agora trocando de assunto, porque já falei da correção do imposto de renda na fonte, do salário dos municipários que está perigando que seja pago no dia 10 de cada mês e, também as notícias que trazem as informações sobre as roletas no sistema de transporte coletivo. As notícias não são claras, tem-se a impressão que as empresas estariam fazendo tal coisa. Não! Mas não são as empresas. O controle das empresas que estão sendo denunciadas é da Prefeitura. A Prefeitura que comprou uma informação, fato inédito. Não sei como se ajusta com o Tribunal de Contas o pagamento de uma informação para um serviço público. Isso não sei com se faz, mas deve ter uma solução já que creditaram, ou debitaram, melhor dito, para a empresa. Então era bom que se deixasse claro que as empresas não têm nada que ver, as empresas estão sob intervenção, seus dirigentes não têm acesso. E para que não haja dúvida, na sexta-feira à noite tentei falar com a residência do Sr. Secretário Municipal dos Transportes, parece que não tem telefone em casa, pelo menos foi o que me informou a Secretaria Municipal dos Transportes, já que um munícipe, amigo meu, que se identificou, evidentemente, me dizia que na Rua Paul Harris, não lembro com que esquina, identificou o número do veículo, o horário, os dias em que o carro parava e a roleta era adulterada, pelo menos aparentemente. Não sei, o Sr. Secretário dos Transportes, já que não consegui localizá-lo, pois era sexta-feira à noite, não sei se o funcionário a quem eu transmiti a reclamação do munícipe tomou alguma providência ou não. O fato é que é muito bom que se deixe claro que quem está administrando o transporte em seis empresas continua sendo a Prefeitura. E as notícias dão a impressão de que os “bandidos” dos empresários estão adulterando as roletas. Eles não tem acesso às roletas. E a “serra”, esta é a palavra que identifica o processo de adulteração da parte recebida, é uma coisa tradicional, que deve ser muito bem cuidada por quem entende de transporte. É difícil um sistema de transporte que não tenha esta parcela que se chama “serra”. É a parcela que cobradores, motoristas, fiscais fazem um pouco a mais de receita, em cima dos seus próprios salários. É claro que, se não tem uma fiscalização eficiente, isso pode ir muito longe. Cabe, portanto, a quem está fazendo a intervenção, deixar bem claro de quem é a culpa de não haver uma fiscalização eficiente. E me parece, sem dúvida nenhuma, que é da intervenção feita nas linhas no Município.

Mas parece que, agora, no dia 31, algumas empresas serão devolvidas, queira Deus que todas, porque a experiência tem dito sempre que nós não somos eficientes administradores. Tanto que a Prefeitura não está sendo, pois está encarecendo a fiscalização, está encarecendo o controle, está diminuindo em muito a qualidade do transporte que deveria ser oferecido à população. Quer seja na área de segurança, na área da pontualidade, na área da eficiência, na área da limpeza, o transporte vai mal. Os corredores estão precisando de cuidados da Secretaria Municipal de Transporte e de Obras e Viação, não está acontecendo. E a arrecadação da Fazenda, se fosse cuidada - e eu acho que está sendo cuidada -, da mesma forma que a arrecadação nas empresas de ônibus. Então, a coisa vai mal.

Mas o Prefeito Olívio Dutra já acordou que têm 5 milhões de cruzados novos para receber do Estado. Se cuidar um pouquinho mais, tem mais ainda para receber, porque eu continuo dizendo que não admito, não aceito que 99% da arrecadação do Município sejam destinados ao pagamento da folha dos servidores municipais. É preciso que haja um esforço concentrado, mas, agora, parece que com essa comissão de servidores indicados pelo Prefeito, vão encontrar números diferentes dos até agora mostrados aos Vereadores. E para tranqüilidade nossa, porque Porto Alegre não está tão mal, ela precisa ser bem administrada, e tem gente honesta, trabalhadora, culta, mas ainda sem experiência. Aproveitem, digo de novo, a experiência de servidores municipais que têm condições de fazer um bom trabalho. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em Comunicações, o Ver. João Motta.

 

O SR. JOÃO MOTTA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o mundo inteiro tem testemunhado os ataques aos direitos humanos e a prisão de centenas, de milhares de palestinos nos territórios ocupados. E quando várias entidades lançam, em toda a América Latina, uma campanha visando mobilizar as organizações internacionais, e as diversas instituições democráticas, no sentido de defender os direitos humanos e a liberdade aos presos políticos nos territórios ocupados, nos parece importantíssimo e pertinente que, neste momento, se manifeste, aqui, a nossa mais irrestrita solidariedade à campanha feita por essas entidades que estão aqui representadas, nesta Sessão. Se, por um lado, neste ano, comemoramos os 40 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, temos também uma triste herança nesses últimos 40 anos vividos pelo povo palestino. São anos constituídos por momentos de repressão, expulsão e de ataque aos direitos humanos e à vida. Foram, durante esses anos todos, afastados, aproximadamente, 800 mil palestinos de seus territórios; em 1967 ocorreram novas ocupações, foram milhares de deportações. Atualmente muitas aldeias sofrem cortes de água e luz, são suspensos os atendimentos na área médica, vivem problemas de abastecimento. Desde dezembro de 1967 são mais de 600 palestinos mortos, 33 mil feridos, segundo a Anistia Internacional, 1200 mulheres aproximadamente abortaram devido a utilização de gases na repressão às mobilizações desencadeadas. Nesses territórios ocupados vive-se um verdadeiro cotidiano de violência contra vida, a cultura, a nível militar ilegal, inclusive através de decretos que, pasmem, formalizam a discriminação, desencadeia-se uma verdadeira guerra, a identidade palestina, as suas canções e a sua poesia, suas cores, verde, roxo, branco e negro, sua história, seus hábitos e costumes. Esses fatos, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, constituem o verdadeiro flagrante à violação dos direitos humanos de um povo, estabelecido pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, que diz expressamente no seu art. 10, “toda a pessoa tem direito, em condições de plena igualdade, a ser ouvida publicamente e com justiça, por um Tribunal independente e imparcial, para a determinação de seus direitos e obrigações e para o exame de qualquer acusação contra ela em matéria penal”. E diz ainda o art. 9º da declaração, “ninguém poderá ser arbitrariamente detido, preso, nem desterrado”. Por isso, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a campanha internacional de solidariedade ao povo palestino e ao direito, à autodeterminação dos povos, é um momento que exige dos parlamentares, de todos nós, uma profunda reflexão que esperamos que se materialize em apoio, através da assinatura de cada Vereador a esse termo de adesão a essa campanha, que eu passo a ler. (Lê.)

“Considerando os direitos históricos do povo palestino na Palestina, considerando que a resistência do povo palestino à ocupação militar de seu território é um direito legítimo e inalienável reconhecido pelas Nações Unidas; considerando o caráter da legítima luta do povo palestino por sua autodeterminação e pelo direito de ter o seu próprio Estado independente sobre sua própria pátria; considerando o aumento da repressão contra o povo palestino nos últimos 17 meses e que atinge hoje níveis intoleráveis; e, por fim, considerando a sistemática e permanece violação dos direitos humanos aos palestinos pelo exército de ocupação, em especial, às condições subumanas em que vivem os presos políticos palestinos nos cárceres e campos de concentração, solicitamos à Sua Santidade o Papa João Paulo II, ao Sr. Javier Pérez de Cuéllar, Secretário Geral das Nações Unidas, à Anistia Internacional e a Cruz Vermelha Internacional, sua urgente intervenção para pressionar o Governo de Israel com o fim de que este admita a presença dos organismos humanitários para vigiar e garantir o respeito aos direitos humanos do povo palestino que vive nas ocupações e reivindica ou reafirma a imediata liberdade a todos os presos políticos.” Abaixo assinaram.

Por isso, para concluir, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, temos a convicção de que esta Câmara de Vereadores, esta instituição democrática, que várias vezes deu demonstrações de ter sensibilidade e preocupação com a luta e os ataques às liberdades de vários povos do mundo inteiro, não se omitirá mais uma vez em se manifestar solidária com a luta desse povo, a luta do povo palestino. E para concluir, leio parte de uma poesia que espelha a esperança e a luta desse povo pela liberdade e pela sua autodeterminação. “Aqui, sobre vossos peitos persistimos como uma muralha; quando tivermos sede espremeremos as pedras e comeremos terra; quando estivermos famintos, mas não iremos embora; aqui temos um passado e um presente; aqui está o nosso futuro.” Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Isaac Ainhorn, que cede seu tempo ao Ver. Giovani Gregol. V. Exª tem 10 minutos, Vereador.

 

O SR. GIOVANI GREGOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, neste espaço de Comunicações quero falar também, como tem sido feito usualmente aqui, sobre mais um aspecto da realidade brasileira, e precisamente é um aspecto inclusive que me diz muito especialmente, porque dele tenho, como ecologista, como liderança, como participante do movimento, tratado, muito antes de ser Vereador e também aqui da tribuna desta Casa. São duas notícias.

A primeira é uma notícia triste, inclusive está no jornal Zero Hora de hoje, na página 16. Ontem tive a oportunidade de receber um telefonema de Rio Branco, capital do Estado do Acre, a respeito das eleições que estão marcadas para amanhã, dia 31, no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Basiléia. Provavelmente essas eleições não se realizarão, pelo menos no dia de amanhã, e o motivo é que está havendo uma ameaça de fraude generalizada na eleição daquele Sindicato, para impedir que uma chapa combativa - de interesse dos trabalhadores rurais daquele Município, da categoria dos seringueiros, dos pequenos proprietários e plantadores, dos castanheiros e outros -, uma chapa encabeçada justamente por Osmarino Amâncio Rodrigues, ganhe aquele Sindicato. São várias denúncias de fraude, são as forças do latifúndio da região que, organizadamente, estão já, com dias de antecedência, trazendo muitas pessoas para aquela localidade, filiando pessoas que não são trabalhadores rurais, para impedir que a chapa encabeçada por Osmarino Amâncio Rodrigues ganhe aquelas eleições. Aliás, essa é uma tática histórica, usual das forças conservadoras brasileiras, especialmente naquela região do Brasil, onde nós sabemos que o latifúndio é muito forte e, inclusive, mata, assim como matou Chico Mendes.

A segunda notícia, é alvissareira, porque onde existe o ataque, onde existe a agressão ao meio ambiente e aos interesses da maioria da população, da maioria dos trabalhadores, existe, também, a resposta, a reação a essa agressão. Quero falar sobre uma questão que, felizmente, já é pública no nosso País, que é a campanha presidencial. Temos vários candidatos disputando. Vamos ter, depois de mais de trinta anos, uma eleição presidencial no nosso País. É um momento extremamente sério onde serão definidos os rumos da Nação e do povo brasileiro. O nosso Partido, compondo uma frente com outros, com o Partido Verde, com o PC do B, com o Socialista Brasileiro, já tem o seu candidato e discute a questão do Vice-Presidente na chapa de Luiz Inácio Lula da Silva. Já foi tratado desta tribuna e nos meios de comunicação que, felizmente, nós, como outros partidos, temos grandes nomes tanto para a vice-presidência como para a presidência. No âmbito do PT temos a companheira Benedita da Silva, Constituinte, Deputada Federal, negra, combatente histórica, das favelas do Rio de Janeiro, liderança indiscutível no movimento social comunitário brasileiro; temos o companheiro do movimento ecológico Fernando Gabeira, também liderança indiscutível na sua área de atuação, pessoa importante que somará se compuser uma chapa com Lula. Temos Virgílio Guimarães, ex-candidato à Prefeitura de Belo Horizonte que, por 0,5%, deixou de ser Prefeito. Temos Jorge Bittar, ex-candidato do Partido dos Trabalhadores a Prefeito do Rio de Janeiro, uma votação extremamente expressiva. E temos, agora, um fato novo e sobre esse fato novo quero-me manifestar.

Tivemos contato direto com a pessoa que simboliza esse fato novo. A maioria dos integrantes do Conselho Nacional de Seringueiros resolveu, no fim da semana passada, lançar e apoiar - juntamente com o Movimento Sindical, o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra, Movimento pela Reforma Agrária, os seringueiros, os castanheiros do Estado do Acre, Rondônia e Amazônia em geral -, resolveram lançar para apreciação da sociedade brasileira em geral, e apreciação do encontro nacional do PT, agora, dias 17 e 18 de maio, que discutirá com os demais componentes da Frente Brasil a candidatura, resolveram lançar a candidatura de Júlio Barbosa, que aqui esteve conosco, para candidato a ocupar, com Luiz Inácio Lula da Silva, a chapa que concorrerá às eleições presidenciais de nosso País. Júlio Barbosa quando aqui esteve, na qualidade de Presidente Nacional de Seringueiros, ex-Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri, um dos - porque o Chico Mendes, sabidamente, não deixou um sucessor só, porque sabia que ele poderia ser facilmente morto -, mas o Júlio Barbosa era o seu mais direto sucessor porque assumiu o seu cargo no Sindicato de Xapuri, assim que foi assassinado Chico Mendes, escolhido pelas bases e depois escolhido Presidente do Conselho Nacional de Seringueiros, já tinha manifestado, publicamente, o seu apoio à candidatura Lula. E agora vem um fato novo, um fato qualitativamente importante a alargar o leque, a somar ao leque daquelas possibilidades que a Frente Brasil, em específico, e a sociedade brasileira tem para compor uma chapa e disputar legítima e democraticamente as eleições presidenciais de nosso País.

Eu, como ecologista, fico muito satisfeito e muito à vontade em apoiar esta candidatura e lançá-la aqui no Estado do Rio Grande do Sul, porque eu entendo que esses companheiros compõem hoje a linha de frente, compõem a vanguarda, se assim podemos dizer, não só do movimento brasileiro, mas do movimento ecológico internacional, na medida em que eles reúnem, somam, uma série de importantes características: eles são ecologistas, eles são sindicalistas, eles são lutadores, são trabalhadores rurais, ao mesmo tempo, e isto é muito importante. E na medida também em que, em função de seu trabalho, heróico inclusive, eles têm sofrido sistematicamente atentados e têm sido inclusive mortos pelas forças reacionárias, pelas forças do latifúndio na Amazônia.

 

O Sr. José Alvarenga: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, nós ficamos muito satisfeitos em ouvir a notícia que V. Exª dá neste momento e acreditamos que uma chapa que una o proletariado urbano, que construiu um grande quadro com o Lula, e o campo, que também construiu ao longo de muitas e muitas jornadas de lutas, inclusive passando por assassinatos, ocupações de terras, também construiu um quadro do porte do Júlio Babosa. Nós achamos que a chapa Lula e Júlio Barbosa, unindo o campo e a cidade, seria o ideal para representar a Frente Brasil nessas eleições, onde vamos enfrentar candidatos de todos os setores empresariais.

Então nós queremos, neste momento, manifestar o nosso apoio à candidatura de um companheiro do campo, um dirigente rural para concorrer a vice-presidência, juntamente com o companheiro Lula.

 

O SR. GIOVANI GREGOL: Muito obrigado, Ver. José Alvarenga, fico muito satisfeito em receber esse apoio, aqui, público e nós entendemos que essa candidatura de Júlio Barbosa, pela extensão, ela soma, no sentido político e no sentido social, inclusive sociológico, às forças que têm, que já estão comprometidas, que estão se somando à candidatura do Lula a presidência da República.

E como dizia, concluindo, Sr. Presidente, esse companheiros, hoje, levam uma luta com risco da sua própria integridade, da sua própria existência física, inclusive lá, são dignos de todo o nosso respeito, o nosso apoio e admiração. Razão pela qual nós todos pudemos nos alegrar, mesmo aqueles que apóiam outras candidaturas a Presidente, que democraticamente vêem uma nova proposta, vêem um novo candidato que só pode somar àquilo que todos nós desejamos, principalmente numa hora em que as forças reacionárias nos ameaçam, de novo, no Brasil, nos ameaçam de retrocesso, nos ameaçam de golpe, que todos nós, unidos, certamente não permitiremos.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Inscrito, em Liderança, o Ver. Wilson Santos do PL, cinco minutos sem apartes.

 

O SR. WILSON SANTOS: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, inicialmente o meu protesto hoje, porque efetivamente o ar que nós estamos respirando no Plenário, hoje, está extremamente saturado pela fumaça. Eu que não fumo tenho convivido e é a primeira vez que faço essa reclamação porque realmente acho que ultrapassou, até visualmente a gente percebe que está demais e me sinto no direito de fazer a reclamação. Convivo com os fumantes, mas hoje, realmente, estou sentindo.

Quero fazer uma observação a respeito do que vai acontecer este mês, em relação ao pagamento dos municipários. Eles vão receber os seus vencimentos no dia 2 de junho. Fiz um levantamento, e não vou afirmar que ele esteja absolutamente correto, mas recebo informações que nos últimos 25 anos é a primeira vez que o vencimento passa de um mês para o outro. O Ver. João Dib faz um aceno de que pelo menos nos dez últimos anos isto não acontece. Podemos depois aprofundar. Mas há uma outra informação que nos dá conta que há uma pretensão da Administração de pagar até o dia 10 do mês seguinte. Também não posso afirmar com absoluta certeza que isto vai ocorrer. Entretanto, direciono meus olhos à Bancada do PT, porque sei que ela é vigilante na defesa do trabalhador, do funcionário. E que estejamos todos atentos. Porque uma exceção está acontecendo, os municipários vão receber no dia 2. Se se configurar a prática de pagar até o dia 10, acho que vai acontecer uma tremenda injustiça, porque não tem poderes, a chefia do Executivo, de isentar o funcionário público do pagamento das multas, dos juros de seus compromissos. Sabemos que especialmente o funcionário que recebe um salário mediano não tem condições de fazer as suas compras à vista, forçosamente está vivendo no crediário. E não tem conta que seja paga após o vencimento, que não seja acrescida de multa e de juros. Então eu acho que é uma situação cruel que vai se impor ao municipário. E eu sei que o Prefeito Olívio Dutra é sensível a essas coisas, eu sei que a Bancada do PT é sensível. Então, antes que isto ocorra, o PL soa a sua voz para que seja bem estudado, porque uma decisão, se se concretizar - eu digo “se”, estou colocando no condicional -, se vier a se concretizar, de passar o pagamento para o mês seguinte até o dia 10, eu acho que está estabelecendo uma crueldade para com o funcionalismo; e esta exceção que está acontecendo este mês já é dolorosa. O que está se prevendo é que o funcionalismo vai receber no dia 2.

De forma que desta maneira bem prática, bem objetiva, o Partido Liberal, utilizando espaço de Liderança, faz este alerta, pedindo às lideranças políticas e às lideranças administrativas que reflitam e que realmente tentem evitar este dano que poderá se assolar sobre esse elenco todo, sobre esses funcionários que estão aí dando tudo de si para que a Prefeitura possa desempenhar um bom papel, e que não merecem este tipo de tratamento, se acontecer. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Liderança, com o Ver. Airto Ferronato.

 

O SR. AIRTO FERRONATO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu não participo da Comissão Permanente, desta Casa, de Transporte. Também não tenho participado da Comissão de Inquérito que trata do mesmo assunto. Relativamente a este setor, praticamente tenho me pronunciado muito pouco, tenho ouvido bastante, até porque sei que nós temos aqui nesta Casa companheiros Vereadores com profundos conhecimentos específicos sobre o tema. Apenas havia me pronunciado, certa vez, de que entendo que o procedimento de auditoria, que se pretende estar levantando nas empresas de ônibus, é equivocado, porque acredito e sei que a auditoria, na própria acepção da palavra, deve ser efetuada com a presença dos responsáveis da empresa. Então, vejo que o resultado destas auditorias teriam pouco significado na prática. Todavia hoje eu não poderia deixar de me manifestar sobre transportes, até porque conversando com pessoas do meu relacionamento, fiquei sabendo de uma posição que me preocupa sobremaneira. Diz-se que: avaliando-se as condições do transporte coletivo, interpretando-se a composição da tarifa, e interpretando-se os fatos que fazem elevar o preço dessa tarifa, chegou-se, na Secretaria Municipal dos Transportes, a uma conclusão, de que os microônibus seriam a principal causa do preço elevado do transporte público de passageiro-ônibus. Pela conclusão que se chegou, uma vez que o microônibus transporta um número significativo de passageiros, encareceria o transporte público de passageiro do ônibus. Nós esperamos que isso não seja a realidade dos fatos, até porque entendemos nós que seria prejudicial ao transporte coletivo no seu todo. Daí porque estamos trazendo essa nossa mensagem e a nossa preocupação, e acreditamos que não pode proceder esta informação que me foi transmitida. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Edi Morelli, em tempo de Liderança.

 

O SR. EDI MORELLI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em primeiro lugar, a nossa saudação às lideranças palestinas presentes no Plenário, o nosso abraço.

Eu ocupo a tribuna preocupado com o empreguismo na Prefeitura. Vejamos; “Zero Hora” do dia 02 de março: “Demissões, não há projeto na Prefeitura.” “Zero Hora” do dia 11 de março: “Toda a Administração será atingida pelas demissões.” (Vice-Prefeito Tarso Genro.) “Zero Hora” de 04 de abril: “Buchabqui condena a máquina Municipal por incompetência. Prefeitura poderia dispensar até cinco mil funcionários, sem problemas.” “Zero Hora” de 07 de março: “Começa a análise das demissões no DEMHAB.” “Zero Hora” de 06 de março: “Prefeitura analisa demissões.” “Jornal do Comércio”: “Prefeitura anuncia novas demissões.”

Bem, preocupado com a situação, enviei um Pedido de Informações e foi respondido: “Em atenção ao Pedido de Informações nº 125 de 1989, do Ver. Edi Morelli, devido à complexidade do mesmo, estou encaminhando, em anexo, diversas listagens que respondem às questões solicitadas, a saber.” E, aí, me informam que até o dia 22 de abril a Administração da Frente Popular contratou 432 funcionários, o que dá uma média de mais de cinco funcionários contratados por dia. Se o número de contratações continuar neste ritmo serão contratados quase 6 mil funcionários até o final da Administração Popular; quando eles dispensaram 164 na primeira listagem do DEMHAB, e a seguir foram outros mais dispensados, devendo ter atingido o total de 200 funcionários demitidos, eles contratam, até 22 de abril, repito, 432 funcionários. E o que mais me preocupa na listagem: Eno Dias de Castro Filho, lotado no Gabinete do Vice-Prefeito, Eny Diva Marques Backes, na administração central, Paulo Renato Backes, na administração central, Marco Antonio Backes, na administração central, e Jussara Pereira Dutra. São alguns nomes que a gente encontra nessa listagem. Quero acreditar que esses Backes sejam todos parentes, ou não são? Então, é uma coisa que preocupa, quando fazem demissões para enxugar a máquina administrativa, e aí são contratados mais de 400 funcionários, até 22 de abril, e, de lá para cá, devem ter ocorrido mais contratações. Fica aqui, não uma acusação, à Frente Popular, ao PT, mas apenas uma pergunta: será que a coisa no palanque foi uma, e agora é outra? Que responda quem puder responder do PT. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga): O Ver. Isaac Ainhorn cede seu tempo ao Ver. Dilamar Machado.

 

O SR. DILAMAR MACHADO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a cidade de Porto Alegre tem, indiscutivelmente, alguns pontos críticos em matéria de subabitação e de drama urbano, insuperáveis ao longo das duas últimas décadas. Na Av. Ipiranga, nas proximidades da Rua Santana, existe instalada já alguns anos uma vila que ficou conhecida como a Vila Planetário. Alguns Vereadores desta Casa, por certo, já estiveram naquela Vila, já entraram na Vila e conhecem na sua intimidade a dolorosa realidade da Vila Planetário. É uma Vila pequena, que não deve ter mais que um quarteirão, aproximadamente um hectare, talvez um pouco menos, mas praticamente no Centro de Porto Alegre. E a origem dessa Vila é a mesma origem de tantas vilas que se formaram ao longo de Porto Alegre, nos últimos anos. Mas a questão fundiária da Vila Planetário é que interessa a essa Casa porque há alguns anos, por iniciativa do Prefeito Guilherme Socias Villela, aprovou a Câmara Municipal, através de Lei, a doação da área da Vila Planetário para a Fundação de Assistência ao Excepcional. A Fundação da Assistência ao Excepcional, pela Lei aprovada nesta Casa, Ver. Adroaldo Corrêa, tinha 5 anos para ali construir um prédio, que naturalmente serviria aos excepcionais, mas já decorreram 5 anos e, indiscutivelmente, a APAE não terá a propriedade nem a posse daquela área nos próximos anos.

Por essa razão eu estou encaminhando à Casa um Projeto de Lei que anula aquela doação, faz com que a área reverta ao domínio do Município de Porto Alegre, do qual saiu, possibilitando à Administração do Professor Olívio Dutra uma solução, que eu encaminho aos companheiros do PT, como simples, viável, factível e rápida. Que é a urbanização daquela área. No Departamento Municipal de Habitação existem dois Projetos prontos, Projetos Urbanísticos e Arquitetônicos para a ocupação da Vila Planetário, a verba existe liberada junto à Caixa Econômica Federal, através do sistema FICAM, que é uma das linhas de crédito da Caixa Econômica, cuja sigla representa Financiamento para a Construção e Aquisição de Moradia. O Ver. Artur Zanella conhece esse Projeto porque foi Diretor do DEMHAB. Ali, na Vila Planetário, dá para urbanizar a Vila através da construção de pequenos sobrados, que fariam um anel em torno da Vila, ela ficaria relativamente adequada à região da Cidade em que está implantada - Bairro Santana, proximidades do Bairro Bom Fim -, e teria também uma solução para os próprios moradores da Vila Planetário, porque boa parte daqueles moradores tem uma renda relativamente adequada à possibilidade de pagar a prestação desse financiamento junto à Caixa Econômica. Uma outra parcela é terrivelmente explorada por três ou quatro monopolistas dos catadores de papel. Existem, na Vila, dois ou três pavilhões grandes, irregularmente construídos, ilegalmente implantados na Vila e que são dirigidos por pessoas que não moram na Vila Planetário, que apenas exploram o trabalho dos catadores de papel, Ver. José Valdir. São verdadeiros tubarões do papel, que vão ali no final da tarde, com seus caminhões diesel, e recolhem o fruto do trabalho daquela gente miserável, empobrecida, doente, desassistida, que passa o dia no sol, na chuva, no vento, no frio, catando papel para entregar a dois ou três tubarões que vão ganhar dinheiro em cima da miséria dos papeleiros da Vila Planetário.

 

(Aparte inaudível.)

 

O SR. DILAMAR MACHADO: Diz o Ver. Morelli que tem uma cancha de osso. Tem um líder? O Kalil é que explora? Eu tenho respeito, Ver. Morelli, pelos líderes comunitários e tenho respeito pelo Kalil. De qualquer forma, ele é um homem que coordena aquela Vila, trabalha, e talvez a cancha de osso que ele montou lá dentro seja uma forma de arrecadar algum recurso para sua associação, que é muito pobre. Inclusive, estive mais de uma vez conversando lá com o Kalil e seus companheiros de associação e a própria associação entende como válida a possibilidade de se fazer a urbanização. Agora, como é que pode ser feita essa urbanização? Primeiro, nós temos que aprovar esse Projeto que eu encaminhei, devolvendo para a Prefeitura a propriedade da área da Vila Planetário. Isso feito, a Prefeitura, imediatamente, pode fazer a doação da área para os moradores da Vila Planetário, doação essa feita legalmente, que deve ser feita através desta Casa. Com a propriedade dos terrenos na mão, é possível, junto à Caixa Econômica, buscar os recursos do FICAM e ali edificar um conjunto habitacional nos moldes modernos, dignos, adequados à moradia urbana, especialmente pela área em que se encontra a Vila Planetário, que é próxima ao Bairro Santana, ao lado da Av. Ipiranga, praticamente no centro da Cidade. Não seria naturalmente uma solução universal para o problema da subabitação em Porto Alegre. É isso sim, Ver. Heriberto Back, uma solução singular o caso da Vila Planetário. Essa solução não poderia ser dada, por exemplo, para a Vila Cai-Cai, não pode ser dada para os papeleiros que estão às margens da Av. Sertório, e para a Tio Zeca, para a Nazaré e para outras vilas que estão em outra situação. Para essas demais vilas que hoje afligem a comunidade porto-alegrense nós estamos propondo também, através de matéria específica a ser encaminhada à Casa, especialmente para ser debatida, discutida quando nós tratarmos da reformulação da nossa Lei Orgânica, uma espécie de reforma urbana em Porto Alegre, no rastro e na esteira da Nova Constituição, que permitia aos moradores, por exemplo, da Vila Cruzeiro do Sul, onde muitos Vereadores aqui têm uma certa intimidade de trabalho e um deles é o Ver. Heriberto Back, onde centenas de famílias moram na Vila Cruzeiro do Sul há muitos anos, numa área que hoje é praticamente particular, é uma área que na sua maioria é de propriedade particular e que está lá inclusada, ou invadida, ou ocupada, de acordo com a cabeça de quem pronuncia o termo, mas que de acordo com a alteração que queremos introduzir na Lei Orgânica, provada a posse, mansa e pacífica há cinco anos, essas pessoas teriam a possibilidade de receber o título de proprietário. E por aí nós teremos a solução para milhares de pessoas que moram hoje nas chamadas vilas populares como a Vila Pinto, a Vila N. Srª de Fátima, o Campo da Tuca, o Morro da Cruz, a Vila Comunitária, a Vila Cruzeiro, a própria Vila Tronco, a Tio Zeca, enfim, tantas vilas que proliferam em Porto Alegre.

São casos mais agudos, mais urgentes, mais amplos. Mas eu deixo, como colaboração, como Vereador desta Cidade, preocupado com Porto Alegre, aos companheiros da Administração Municipal a possibilidade de me ajudarem, em regime de urgência, a aprovar este Projeto que devolve a área da Vila Planetário ao Município. E se nós trabalharmos juntos num Projeto que existe no DEMHAB, com a verba que existe na Caixa Econômica Federal, com a boa vontade dos moradores da Vila Planetário, com a possibilidade também, inquestionável, de remover algumas famílias que não têm renda nenhuma, incapaz, portanto, de suportar uma prestação da Caixa Econômica, mesmo que ela seja de 10, 15e ou 20 cruzados mensais, removemos essa família para outros projetos como a própria Chácara da Fumaça ou a Vila Restinga ou a Vila Tronco, enfim, áreas que a Prefeitura dispõe hoje e que poderá ocupar com casas do Projeto Mutirão, da SEAC, junto com a Metroplan e a Prefeitura.

 

O Sr. Luiz Braz: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Acredito que o Projeto que V. Exª apresenta à Casa vem corrigir, talvez, uma cochilada que esta Casa tenha dado num determinado momento, permitindo que a área em que está situada a Vila Planetário pudesse ser doada a uma outra instituição que, embora sendo merecedora, não pode receber a referida área em detrimento de todos aqueles moradores que estão situados na Vila Planetário. Acredito, pelo mérito do Projeto de V. Exª, que deveria haver urgência nesse tipo de votação, pois principalmente para mim, que sou um dos Vereadores que pertenceu à Legislatura passada, quanto mais rápido fosse dada uma solução para esse problema, mais rápido ser-me-ia possível corrigir aquilo que chamo de falha que esta Câmara cometeu num determinado momento.

 

O SR. DILAMAR MACHADO: Agradeço ao Ver. Luiz Braz o aparte e encerro, Sr. Presidente, deixando o convite para que examinemos em conjunto essa questão, porque se não é uma solução para todos os problemas de habitação popular, é uma solução isolada, singular, mas é a solução para o problema de uma das vilas mais trágicas, mais pobres de Porto Alegre. A partir desse caminho poderemos, juntos, encontrar solução para outras vilas porque a aglomeração de subabitações, a exploração do pobre pelo pobre, a falta de educação, de saúde, a falta de perspectiva de vida dessas vilas são fatores primordiais na insegurança que reina nesta Cidade. Sou grato.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Liderança, com o PDS, Ver. João Dib.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, antes de mais nada eu desejo fazer uma solicitação para que a Mesa consiga, para cada um dos Vereadores, uma cópia do Relatório da Administração do ano que passou. Eu sei que não compete à Mesa ter cópias, mas a Administração deveria ter entregue, e é bom que se faça uma análise dos últimos cinco anos de administração e o Relatório vai nos permitir. Agora, não posso deixar de dizer que há poucos dias eu estava preocupado com a quantidade enorme de Pedidos de Informação dirigidos ao Executivo e que infernizam, sem dúvida, a Administração Municipal. Hoje, por exemplo, o Executivo responde a 13 Pedidos de Informações. Alguns dias atrás, no mesmo dia, respondeu mais de 20. Isso dificulta muito os trabalhos da Administração, mesmo porque a maioria dos Pedidos de Informações os Vereadores recebem e não os comentam.

Mas, hoje, o nosso Ver. Edi Morelli traz ao conhecimento da Casa respostas de Pedidos de Informações que nos intranqüilizam. Quando a Administração pretende diminuir o quadro de servidores do Município e demite, como fez no DEMHAB, e contrata ao mesmo tempo, em pouco mais de 100 dias, 25 funcionários para a FESC. Eu, ao assumir a Prefeitura, tinha 235 funcionários na FESC. Deixei com 202 e a Administração atual colocou mais 25. Seriam eles necessários quando a atividade da FESC diminuiu e a atual Administração também contratou 95 servidores para a CARRIS. Seriam eles necessários? Dos 25 da FESC, eu li nomes de membros do PT que foram candidatos a Vereadores; e dos 95 da CARRIS, eu não cheguei a ler todos os nomes, eu apenas li o número.

Ora, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a que se saiba, a CARRIS não comprou nenhum ônibus este ano. A frota é a mesma: 95 servidores! É o que acontece nas empresas particulares agora que estão sob intervenção: aumentam o número de servidores nas empresas particulares em intervenção e que serão devolvidas com ônus para os que a receberem de volta daqueles funcionários que ingressaram ao longo de pouco mais de 100 dias de intervenção. É não ter cuidado com os poucos recursos que a Administração vive gritando que tem para administrar a Cidade. Eu me sinto perfeitamente à vontade: fui Prefeito e disse, já desta tribuna, que muitas vezes cedi oficiais de meu Gabinete para resolver problemas momentâneos por um, dois ou três meses, já que havia necessidade. O Gabinete do Prefeito sempre teve vagas para Oficial de Gabinete, nunca foram preenchidas todas as vagas no Gabinete do Prefeito. Como Prefeito fiz, sem dúvida nenhuma, diminuir o número de servidores do Município. Pode-se olhar nos relatórios da Prefeitura que o número que recebi de servidores municipais era praticamente o mesmo que entreguei a Prefeitura ao Sr. Alceu de Deus Collares.

Mas, também, fico preocupado com a colocação que fez aqui o Ver. Dilamar Machado, da Vila Planetário. Não entendo que deva ser tirado da entidade que recebeu a área, para ali construir um prédio com instalações para aprendizagem, para melhoria de vida dos excepcionais, não entendo que deva ser retirado, mas que deva ser solucionado aquele problema, sim. São cerca de 5 mil metros quadrados que, à época em que era Secretário do Governo, solicitei que se fizesse um levantamento e tinha 97 famílias. Cinco mil metros quadrados, 97 famílias, cerca de 50 metros quadrados para cada família, sem arruamento, sem água, com esgoto não retirado dali, nas piores condições de saneamento. Então, na realidade, entendo que a preocupação do Ver. Dilamar Machado de encontrar solução para essas 97 famílias, espero que ainda sejam 97 famílias, é oportuna, é válida e tem o nosso apoio.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Liderança, com o PT, Ver. José Valdir, cinco minutos sem apartes.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, subo a tribuna para já, em cima das colocações que fez o nobre Ver. Edi Morelli, responder algumas questões que me parecem óbvias e que não precisam de muita pesquisa para esclarecer; outras questões nós, oportunamente, usaremos a tribuna para esclarecer.

Uma das questões levantadas pelo Vereador é de que, ao mesmo tempo que se fez demissões no DEMHAB e se contratou 432 pessoas, e o Vereador apresenta isto como se fosse uma contradição - e aparentemente é, e só aparentemente o é. Acho que a colocação do Vereador é muito apressada.

Nobre Vereador, estou em tempo de Liderança, ouvi calmamente e gostaria de contar com a sua atenção.

Há não muito pouco tempo atrás, nesta Casa, se reclamava e se não me engano o Ver. Edi Morelli fazia coro a estas reclamações, se reclamava que as escolas do Município, os CIEMs não tinham professores. O Vereador reclamava, não só aqui, mas todos os dias, pela manhã, pelos microfones da rádio onde trabalha, reclamava que faltava gente na Secretário da Saúde.

Agora, vem o Vereador aqui reclamar que se fez 432 contratações, ou o Vereador está mal informado ou está querendo agir de má fé, porque sabe o Vereador, já foi por demais dito nesta tribuna, que entre os 432 nomeados, 348 são professores para suprir as escolas que o mesmo Vereador reclamou, alguns deles são para a Secretaria da Saúde, como consta no próprio levantamento que o Vereador tem e que não leu aqui, que ele mesmo reclamou, que faltava gente. O Ver. Edi Morelli deveria é se informar mais antes de criticar. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Nada mais havendo a tratar, declaro encerrados os trabalhos.

 

(Levanta-se a Sessão às 15h47min.)

 

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